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Foto: https://companhiadeviagem.blogosfera.uol.com.br/2015/02/02/voce-sabia-que-fernando-de-noronha-ja-foi-um-presidio/
EM FERNANDO DE NORONHA
Poema de Antonio Miranda
O som do mar
as rochas vulcânicas
em Fernando de Noronha.
Mar devorando corpo
mutilado a relho e sol.
Desterro. Cemitério vivo
cercado de águas bravias
e carrascos assassinos
aos ditames de sua índole,
sem restrições de conduta:
estavam aqui para matar.
Porque a ilha não é apenas
a beleza de seus picos
a cor transparente
do mar nos arrecifes.
E também o seu calçamento
de pedras transportada
no lombo nu dos desterrados,
dispostas no chão à unha.
As “solitárias” fétidas e frias
“o pão” e água” para a morte
lenta, vagarosa, entrando
no corpo sem direito a resistência.
À “solitária” o sol não chega,
nada chega, nada sai
senão o esquálido cadáver,
os fundos olhos,
abertos, arregalados
enxergando a morte.
Teus pés não devem pisar
estas pedras roliças, Amor,
sem ouvir-lhes os gritos,
os gemidos, sem ver as frias
suásticas de sangue
devorando, incinerando os corpos.
As suásticas girando, buscando
sempre novas vítimas
e sepultando com um arado:
após revoltá-las.
Mas preferes o mar como turista
despindo-te de toda responsabilidade.
Fernando de Noronha,
07.02.1963
Sim, Fernando de Noronha já foi um presídio. A ilha funcionou como uma colônia penal, tanto para presos comuns quanto para presos políticos, em diferentes períodos da história.
O presídio teve seu fim decretado durante a Segunda Guerra Mundial, em 1942. A necessidade da ilha tornar-se ponto estratégico de defesa nacional, transferiu os presos para Ilha Grande (outro paraíso). Foi o fim do longo período de prisão do arquipélago. Fonte: Google
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